Conto
Deslumbrou-se pelo tamanho e pelas costumes desconhecidas da cidade capital de seu país. As pessoas não caminhavam, mas andavam de automóveis, motocicletas e aviões; somente comiam em salas de jantar públicas e pitorescas; e sonhavam sem dormir, sentadas em vastos cinemas penumbrosos, onde o sono comum transcorria ao fundo, entre imagens musicais e luzes de cores.
Ao cair da noite, passeando pelas ruas, viu que as pessoas abriam por turnos as portas de seus pequenos e idênticos departamentos e que um membro de cada família saia, muito responsável, para colocar nos umbrais um embrulho bem envolto e ainda mais, às vezes, brilhante e chamativo. Teve tempo de escolher o embrulho mais pulcro e melhor feito. Só faltavam umas cintas para converti-lo num presente. Levou-o a sua casa para averiguar que conteria essa mostra das novas e belas costumes da grande cidade. Abriu-o, e debaixo do pulcro envoltório encontrou o lixo mais fétido e nauseabundo que um homem poderia imaginar.
Livro:
Zavaleta, C. (2019). El provinciano. Pueblo azul: Edición conmemorativa. Fondo Editorial ACELA, Huarás. Fondo Editorial ACELA, Huarás.

Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. «O provinciano», um conto traduzido por Pablo Alejos Flores.